quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Paranaguá é chave para resolver gargalo logístico


Dos R$ 15,2 bilhões em investimentos requisitados pela indústria dos três estados do Sul para resolver os gargalos logísticos da região, quase 10% seriam destinados ao Porto de Paranaguá.

Duas semanas após o governo federal lançar um pacote de concessões de infraestrutura de R$ 133 bilhões, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em parceria com as três federações industriais da Região Sul – Fiep, Fiesc e Fiergs –, apresentou ontem um extenso documento com propostas para reduzir o custo do transporte de cargas na região. Esse custo foi de R$ 30,7 bilhões em 2010, o equivalente a 5,7% do PIB da região, e chegará a R$ 40,7 bilhões em 2020 caso nada seja feito. 

O Projeto Sul Competitivo prevê investimentos de R$ 15,2 bilhões em 51 obras prioritárias – 10 delas no Porto de Paranaguá. Entre os projetos para o porto, estão a ampliação do pátio de triagem e do cais de inflamáveis, a construção de um novo píer e de dois novos armazéns graneleiros e a dragagem de aprofundamento do canal. Várias dessas obras já estão previstas no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto Organizado de Paranaguá (PDZPO), documento que servirá de orientação para a expansão do porto nos próximos 20 anos.

Ao todo, foram listados 177 projetos para resolver a questão de infraestrutura logística do Sul, mas apenas 51 foram considerados prioritários. “Quase nenhum dos projetos de Paranaguá ficou de fora da lista de prioritários”, diz Olivier Gerard, um dos autores do Sul Competitivo e sócio da Macrologística, consultoria que assinou o projeto. “A questão do investimento em Paranaguá é que, se olharmos para como vai estar a situação em 2020, caso nada seja feito, o porto será o terminal do Sul que vai estar mais sobrecarregado”, completa ele. Segundo Gerard, o projeto mais urgente é o aumento da capacidade de movimentação de granéis sólidos.

Estudo

Dos 51 projetos listados no estudo, 26 ficam no Paraná. Eles demandariam, no mínimo, R$ 4,9 bilhões dos R$ 15 bilhões previstos para as obras. O Sul Competitivo foi dividido em oito eixos prioritários de transporte – alguns que precisariam ser criados e outros que seriam apenas melhorados (veja no mapa ao lado). Dois deles teriam grande impacto no estado: a Rodovia da Boiadeira, que ligaria Porto Camargo a Paranaguá, e a construção de um anel ferroviário para interligar São Francisco do Sul, em Santa Catarina, ao porto paranaense.

Segundo os autores, além de visar o aumento da competitividade dos três estados, o estudo também levou em conta o elevado fluxo de produtos que não são produzidos nem consumidos na região, mas que passam por aqui.

Diferenças

Para o setor industrial, a maior diferença do estudo privado para o projeto de concessões do governo é que o plano de Brasília não possui visão sistêmica. “É muito pontual. Não há uma lógica de por que esse [projeto] e não aquele”, diz Gerard.

A CNI agora propõe a criação de uma força-tarefa, envolvendo o governo federal e parlamentares, para tirar o projeto do papel. A proposta é que as obras sejam financiadas com recursos públicos e também com parcerias público-privada. No governo federal, é bem provável que o plano seja acatado pelo Ministério da Integração Nacional, que foi o responsável por tocar o projeto Norte Competitivo, plano semelhante ao do Sul, mas focado nos estados da região amazônica.

Estudo levou um ano e gerou 2 mil páginas

O estudo feito pela consultoria Macrologística levou um ano para ser completado, envolveu 22 profissionais e resultou em um dossiê de 2 mil páginas. A primeira fase do projeto, de diagnóstico, mapeou as 18 principais cadeias produtivas dos três estados do Sul. O levantamento identificou como é a situação hoje do consumo interno e da exportação de cada um dos 61 produtos dessas 18 cadeias – e previu como será a demanda nesses dois mercados em 2020. Ao cruzar a demanda por infraestrutura gerada pelas cadeias produtivas com a oferta logística disponível atualmente, o levantamento identificou os principais gargalos de transporte da região. O maior deles, por exemplo, é a BR-116 entre Curitiba e São Paulo, que está operando 307% acima de sua capacidade.

A segunda parte do projeto, propositiva, identificou oito eixos logísticos da região que devem ser priorizados como investimento. O cálculo para a definição da lista de projetos foi feito com a análise do retorno sobre o investimento e do impacto socioambiental das obras para a melhoria ou a implementação dos eixos. 

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

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