quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Plano de logística pode colocar Brasil em 'velocidade de cruzeiro'


O Programa de Investimentos em Logística apresentado pelo governo federal no mês passado, o qual prevê aplicação de R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias, tem potencial para dar origem a uma nova realidade no setor de infraestrutura brasileira. De acordo com o presidente do Conselho Temático Permanente de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas, o Brasil marcha para alcançar uma velocidade de cruzeiro nessa área. A classificação utilizada há pouco por Mascarenhas no Fórum Brasil Competitivo, promovido pelo Grupo Estado em parceria com a CNI, representa um estágio intermediário em um universo de três cenários apresentados pelo executivo. Os outros dois são um ambiente no qual o Brasil "patina na infraestrutura" e o de "céu de brigadeiro".
"Estamos marchando para a velocidade de cruzeiro e depois disso precisaremos analisar como esse sistema se comporta, para então verificarmos como ele deve ser melhorado", afirmou Mascarenhas, após destacar a participação da iniciativa privada no plano apresentado pelo governo federal. O projeto para rodovias e ferrovias incorporou algumas das propostas defendidas pela CNI, incluindo o maior investimento privado e a criação de uma empresa de planejamento logístico, a EPL.
O plano federal coloca o Brasil na rota de um ambiente mais favorável do ponto de vista logístico, mas ainda distante do cenário de céu de brigadeiro citado por Mascarenhas. "Os recursos programados ainda são insuficientes. Estudos apontam que o Brasil precisaria investir entre 6% e 8% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano durante 20 anos para chegamos ao que a Coreia do Sul já tem hoje", destacou. Ou seja, o Brasil precisaria investir mais de R$ 200 bilhões por ano na área de transportes, valor considerado utópico por Mascarenhas. Afinal, o Brasil ainda enfrenta restrições do ponto de vista fiscal para viabilizar esse montante e o investimento atual na área é de menos de 1% do PIB.
Mascarenhas, durante sua palestra, elogiou o plano do governo federal, mas foi incisivo em relação ao modelo logístico existente no País, o qual reduz fortemente a competitividade da indústria brasileira. Para justificar sua posição, o executivo apresentou dados que mostram o custo do transporte de mercadorias no Brasil em comparação aos Estados Unidos. No caso da soja negociada na Alemanha, a participação do transporte no custo total da exportação brasileira é de 28,3%, quase o dobro da taxa de 15,1% registrada nos Estados Unidos. Esses números sustentam a citação por empresários brasileiros de que questões portuárias e aeroportuárias estão entre as maiores preocupações do País.
Além do elevado custo, outras preocupações das indústrias brasileiras estão relacionadas a inseguranças regulatórias e ao chamado, por Mascarenhas, "fundamentalismo" na questão ambiental. Segundo ele, é preciso atentar para a preservação do meio ambiente, ao mesmo tempo em que é importante analisar a necessidade de novos projetos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário