As condições das rodovias e ferrovias, a greve no sistema portuário nacional e os problemas de armazenagem de grãos levam as autoridades brasileiras a buscarem saídas emergenciais para o escoamento de uma produção estimada em 170 milhões de toneladas. Realidade que beira um apagão logístico caso uma solução não seja rapidamente anunciada pelo Governo Federal. É o que acredita o senador Cidinho Santos ao fazer referência à supersafra nacional 2011/2012, em discurso na tribuna do Senado, nesta quinta-feira (13.09).
“Neste momento, em que nós temos um problema bom, Mato Grosso está produzindo acima de 40 milhões de toneladas de grãos e vivemos uma situação inusitada em que a safra de milho, que era prevista para ser de oito milhões de toneladas, foi de 15 milhões. Mas, qual a situação da infraestrutura das rodovias que cortam Mato Grosso? Essa safra não está podendo ser escoada, simplesmente porque não temos caminhões disponíveis para retirá-la do Estado. Enquanto o nordeste e a região sul do país precisam de milho, Mato Grosso tem uma supersafra e não consegue escoar a sua produção”, reclamou Cidinho.
O parlamentar lembrou que já foram feitas reuniões com o presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos, e com o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz em busca de uma solução emergencial. Mas, o senador afirma que não houve uma alternativa em curto prazo para essa situação do escoamento da produção de milho do estado de Mato Grosso.
“Isso nos faz refletir sobre aquilo que vem sempre sendo falado no Brasil, ou seja, que chegaria o momento em que teríamos um apagão na logística do nosso país, envolvendo a questão das rodovias, das ferrovias, dos portos e também, como falei há poucos dias aqui, a questão da armazenagem. É preciso sim, que o Governo Federal atente para essas situações. Algumas coisas já estão sendo feitas, mas quando o assunto é construção de rodovias e ferrovias, isso tem de ser num ritmo mais acelerado, porque o Brasil continua aumentando a sua produção e as perspectivas para o ano que vem, logicamente, são maiores”, alertou o mato-grossense.
Cidinho também protestou as greves dos trabalhadores portuários que se estendem, segundo ele, para ‘além da paciência nacional’ e ameaçam a ordem social e econômica do País. “O movimento paredista tem contribuído muito para o arrefecimento da economia nacional e, enquanto isso, o descontrole do Estado sobre o abuso dos servidores em áreas de extrema "insegurança" nacional chega a ser tão visível quanto o primarismo político das entidades sindicais”, exaltou.
CRISE NOS PORTOS
O senador descreveu ainda, a crise instaurada nos portos brasileiros em decorrência da greve no sistema e os reflexos da paralisação na economia nacional. Para Cidinho, como consequência da incapacidade dos estivadores grevistas, os portos de Paranaguá, Santos e São Francisco do Sul têm sido os mais atingidos, comprometendo em larga escala a capacidade brasileira de importação e exportação de grãos e matéria-prima.
“Como se não bastasse a operação tartaruga adotada pelos portuários em constantes greves, servidores da Receita Federal e da Polícia Federal resolveram, neste ano, cooperar com os estivadores, paralisando suas atividades nos portos brasileiros, prejudicando ainda mais as funções portuárias elementares. Navios estrangeiros em busca de soja e milho brasileiros lotaram nossos portos sem que lograssem embarcar os grãos prometidos e negociados. Em vez disso, deixaram de atracar em nossos cais por simples ausência de carga nos armazéns. Segundo os operadores portuários e os produtores rurais, está faltando soja e milho em quantidade necessária para suprir a demanda contratada”, expôs.
Por fim, Cidinho elevou à crise desde o esgotamento das malhas rodoviária e ferroviária do país até a imobilização geral das mesmas, dos portos e armazenagens, chegando ao ápice de um momento de apagão da logística do Brasil.
E adverte, “enquanto os portuários se prendem aos anacronismos trabalhistas da Lei de Modernização dos Portos - promulgada em 1983-, a economia brasileira vai escorregando ladeira abaixo em decorrência dos gargalos burocráticos que rejeitam a competência e a competitividade do mercado”, lamentou.
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