A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (30), na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que o governo pretende lançar na semana que vem um programa para reduzir o custo da energia elétrica. A redução do custo, segundo ela, se dará por meio da diminuição dos encargos setoriais que oneram a energia. “Essa redução de custo é a única forma que temos para enfrentar as décadas que virão”, afirmou. “Iremos fazer um conjunto de medidas para reduzir o custo da energia baseado na reversão das concessões depois de vencido o prazo.”
Segundo Dilma, após colocar o País no caminho da redução das taxas de juros e da queda na relação entre dívida líquida e PIB, a prioridade do governo é aumentar os investimentos em infraestrutura para garantir competitividade e desenvolvimento, além de reduzir custos de produção. A presidente disse que competitividade significa garantir emprego e renda para os brasileiros. “Elevar a competitividade é condição para que a gente garanta, de forma sustentável, os níveis de emprego, de renda e a prestação de serviços sociais de qualidade a todos brasileiros e brasileiras. Nem sempre a competitividade significa isso, mas é impossível ter isso sem competitividade. Nós não seremos um País justo se não formos capazes de ser um País competitivo”, afirmou a presidente.
Após a reunião, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defendeu que uma redução entre 10% e 15% na tarifa de energia elétrica é um bom número para ajudar a recuperar a competitividade da indústria brasileira. “A tarifa de energia elétrica no Brasil é muito cara”, criticou Andrade, que afirmou desconhecer qual o percentual de redução em estudo pelo governo. Dados da CNI informam que, ao custo médio de R$ 330,00 por megawatt/hora, a tarifa de energia elétrica para a indústria no Brasil é a quarta mais cara do mundo - atrás apenas da italiana, turca e tcheca -, o triplo da tarifa de os Estados Unidos e Canadá e o dobro da cobrada na China, Coreia do Sul e França. Em sua primeira participação como integrante do Conselhão, o presidente da Fiergs, Heitor José Müller, também festejou o anúncio sobre a redução dos custos de eletricidade e outros anúncios feitos na reunião.
Em um discurso de 45 minutos, Dilma disse que o governo está focado na desobstrução dos gargalos logísticos, energéticos e de custo que dificultam o desenvolvimento. E citou o programa de estímulo à indústria nacional, o Brasil Maior, lançado, segundo ela, quando as condições da economia “eram bastante adversas”. Para a presidente, não só o programa permite a melhoria da capacidade competitiva, mas também a relação entre as taxas de juros e de câmbio. “Ao mesmo tempo que promovíamos desonerações tributárias, aprimorávamos mecanismos de defesa dos interesses dos produtores nos fóruns internacionais, adotávamos uma política de preferência de produtos e serviços nacionais na compras governamentais. Nós mudamos a relação entre juros e câmbio. Hoje os juros têm um patamar mais civilizado, e o nosso câmbio não está na situação que estava há um ano”, disse.
Para Dilma, o foco do governo agora é ampliar os investimentos em logística, especialmente em ferrovias, portos e aeroportos, e energia. Para ela, o governo e a iniciativa privada têm de trabalhar juntos para “dotar o Brasil de uma infraestrutura capaz de reduzir os custos de produção e tornar o País mais competitivo”. A presidente disse que, até a metade de setembro, o governo anunciará o modelo de concessão de portos e aeroportos. Segundo Dilma, além de garantir um padrão dos serviços aeroportuários, o governo terá de cuidar dos aeroportos regionais, levando em conta critérios de movimentação econômica, turísticos e acessibilidade. Ela disse que, em alguns casos, o governo terá de subsidiar o funcionamento desses aeroportos. Portos, segundo Dilma, é uma das questões mais estratégicas do País. Outra ação do governo na área de infraestrutura é na ferrovias. Dilma disse que o governo vai resgatar as ferrovias.
Com um discurso otimista, Dilma se antecipa às críticas sobre o fraco desempenho do PIB
Na véspera do anúncio do PIB do segundo trimestre, que será realizado nesta sexta-feira pelo IBGE, a presidente Dilma Rousseff se antecipou às prováveis críticas de mais um fraco desempenho e fez um discurso otimista e a favor da competitividade da economia. “É inadmissível que o País olhe apenas para o PIB”, afirmou. A presidente disse que a crise internacional se agravou, mas que o governo tem adotado medidas para diminuir seus impactos no País no curto, médio e longo prazos. Dilma disse ser favorável ao aumento dos investimentos em educação, mas cobrou responsabilidade do Congresso Nacional, por meio da aprovação de recursos do fundo social, que será formado com royalties do pré-sal para este fim.
A presidente fez referência à redução da taxa básica de juros, decidida quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), e afirmou que a Selic já está em um patamar bem mais civilizado do que há um ano, porque o governo criou condições para que isso fosse possível. Gradativamente, segundo a presidente, o Brasil terá spreads bancários compatíveis com os cobrados em outros países do mundo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, iniciou seu discurso no Conselhão dizendo que não trazia apenas notícias boas aos presentes. “O cenário da economia mundial não melhorou”, disse. “Os países avançados continuam empurrando seus problemas com a barriga. O cenário externo continuará ruim, e não por pouco tempo. Os problemas não serão resolvidos no curto prazo.” O ministro reconheceu que essa situação tem afetado os países emergentes, mesmo os mais dinâmicos, como China e Índia, que sentem os impactos da contração do cenário exterior e têm se defrontado com problemas. “O que está acontecendo em 2012 é pior do que o que estava acontecendo em 2008/2009. É uma situação mais prolongada e que tem causado mais danos.”
Fonte: Jornal do Commercio/RS
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