quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Desafios da logística


Após contemplar os modais rodoviário e marítimo, o governo completou o pacote de investimentos à infraestrutura e logística com o setor aéreo. Serão R$ 7,3 bilhões destinados à melhoria de 270 aeroportos regionais. O Nordeste recebeu o maior montante, de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 363 milhões ficarão com o Ceará.

Ainda neste mês de dezembro, foi divulgado o pacote de investimentos para portos, antiga reivindicação do setor, que sofre uma série de gargalos. Os terminais marítimos contarão com R$ 31 bilhões até 2015. Dessa fatia, o Ceará, por meio do Porto do Pecém, terá R$ 1,2 bilhão à disposição, 3,9% do total. Além disso, os principais portos receberão outros montantes da ordem de R$ 23 bilhões para os anos de 2016 e 2017. 

Em agosto, foi a vez das rodovias e ferrovias, contempladas com R$ 133 bilhões. Do total, R$ 42,5 bilhões devem ser aplicados na duplicação de cerca de 5,7 mil quilômetros de rodovias e R$ 91 bilhões, na reforma e construção de 10 mil quilômetros de ferrovias nos próximos 25 anos. O Nordeste, que apresenta grandes problemas nessa área, foi negligenciado. Entre os estados da região, somente a Bahia foi incluída nos investimentos. Quase todo esse dinheiro foi para o Sudeste e Centro-Oeste.

A união das medidas, segundo o governo, trará um avanço para a capacidade de planejamento integrado de transportes, o que tende a beneficiar a cadeia produtiva em geral. 

Há muito tempo, indústria e comércio sofrem com a situação precária do conjunto logístico. O mau estado de preservação de estradas, por onde circulam 60% das mercadorias, a precariedade dos portos, a escassez de aeroportos e a situação obsoleta das ferrovias são forte entrave ao crescimento do País. Uma logística mais diversificada, barata e eficiente funciona como estímulo natural aos investimentos.

A necessidade de aportes nessa área é evidenciada por estudo realizado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), o qual mostra que, entre os Brics, Estados Unidos e Canadá, o Brasil possui a pior infraestrutura de transportes. O País amarga as condições mais atrasadas em rodovias pavimentadas, em extensão de ferrovias e dispõe de pouco mais de 250 mil quilômetros de estradas. Os Estados Unidos contam com 4,2 milhões; Índia e China, 1,5 milhão. Além disso, o Brasil fica entre os últimos em quantidade de dutos e rede hidroviária. 

O panorama poderia ter sido revertido anteriormente. Dos R$ 132 bilhões projetados para essa área, entre 2003 e 2010, somente pouco mais de R$ 20 bilhões foram realizados. Nesse período, a taxa de investimentos em infraestrutura representou apenas 0,6% do PIB. Em época de baixa expansão econômica, o governo tenta reduzir os problemas, valendo-se, principalmente, de regimes de concessões, em estradas e aeroportos. O apoio maciço da iniciativa privada era cogitado, mas só agora foi considerado necessário e complementar.

Apesar de positivos, os investimentos vêm com atraso e ainda centralizados em alguns estados. Ocorre notória concentração de aportes no Sudeste e Centro-Oeste, ao passo que o Nordeste é uma das regiões mais carentes nesse sentido. A Ferrovia Transnordestina, uma das principais obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), coleciona atrasos e pouco executou de seu projeto. Inicialmente programado para 2010, o empreendimento só deve estar finalizado no ano de 2015. A lentidão custa dinheiro e o orçamento da obra quase dobra nos últimos anos. 


Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=351678&modulo=962

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